terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Entrevista para Jornal de Letras, 2005, coluna Desenharte

Charge sobre "Enfermagem"


Por Zé Roberto
Caricaturista
(zrgrauna@terra.com.br)
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A primeira vez que resolvi pesquisar mais profundamente a obra do cartunista Flamir (ao lado, no traço do caricaturista Ney Lima), foi em 1990, quando eu ainda lecionava cursos de desenho no Senac de Madureira. As aulas eram justamente sobre o desenho de humor no Brasil, e, entre outras coisas, debatíamos sobre o traço marcante do genial Ziraldo Alves Pinto, e as influências deixadas pelo pai do Menino Maluquinho no desenho de alguns dos nossos melhores artistas. Lembramos os nomes de Perón, Mig, Ferreth, Mayrink e também Flamir. Foi quando um dos alunos anunciou que este último estava ficando conhecido como o “cartunista de Cristo”, já que ele havia se convertido ao cristianismo protestante e passou a defender e divulgar a filosofia que abraçara por meio de seus cartuns.
De fato, esta informação estava correta. O cartunista converteu-se em 1989 e, apenas um ano depois, criou o jornal UNIAÇÃO, uma espécie de Pasquim gospel, recheado com dezenas de cartuns e caricaturas, além de artigos e entrevistas polêmicas discutindo os erros e acertos do meio evangélico.

Charge sobre o crescimento do ateísmo nas universidades

O resultado foi o melhor possível, e o tablóide alcançou uma boa tiragem sendo distribuído para mais de 2.500 bancas de jornal do Estado Rio de Janeiro.
Hoje, Flamir Ambrósio, 42 anos, atua como designer gráfico no setor de Arte da CPAD e planeja o crescimento da Info & Design Editora, empresa que coordena juntamente com o seu irmão Fárlei Gil.
Justamente pela IDE é que o artista acaba de lançar o livro FRANZ - um pai que nos fez ouvir o barulho do vento nas árvores. Diferente do seu primeiro livro, O bebê dos olhos de jabuticaba, que era direcionado ao público infanto-juvenil e todo ilustrado, o atual não apresenta desenho algum do autor. E conta as experiências do artista com o seu pai, falecido em janeiro de 2004. Aliás, cabe aqui uma explicação sobre a origem do estranho nome Flamir. O seu pai era flamenguista convicto e resolveu homenagear o seu time do coração. Uniu, então, os nomes do Flamengo ao ídolo Vlamir, atleta que, na época, era o “Zico” do basquete na Gávea, daí surgiu Flamir. Quer dizer, a exemplo de Henfil, que do nome Henrique de Souza Filho, pinçou as primeiras sílabas do primeiro nome e criou sua chancela, nosso amigo cartunista nem precisou de um pseudônimo para assinar seus desenhos.
O lançamento do livro aconteceu em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, e contou com a presença de alguns de seus colegas de profissão. Aproveitamos a oportunidade para conversar com o cartunista-escritor.

Charge publicada na Revista GeraçãoJC/Seção GeraçãoHumor - Editora CPAD.
Tema: ateísmo nas universidades e a postura do cristão em relação a esta realidade.


JL - O Livro Franz – um pai que nos fez ouvir o barulho do vento nas árvores, pode ser considerado o primeiro de uma série de obras de um novo escritor?

Flamir - Penso que sim, uma vez que pretendo desenvolver textos que abordem vários temas, principalmente relacionados ao universo cristão.

JL - De uns tempos para cá você vem trabalhando quase de forma exclusiva no mercado editorial evangélico, como designer. Você planeja voltar a atuar mais assiduamente como cartunista?

Flamir - Tenho alguns projetos que vêm borbulhando em minha mente há algum tempo, como por exemplo, elaborar uma coletânea de cartunistas cariocas, que terá como pano de fundo, a Cidade Maravilhosa, ou seja, nosso Rio de Janeiro e fazer dessa coletânea uma mostra de humor. Também pretendo lançar um livro sobre o meu filhinho Felipe. Como fiz há 11 anos com “O bebê dos olhos de jabuticaba”. Acho que será interessante.

Charge publicada na Revista GeraçãoJC/Seção Geração Humor - Editora CPAD


JL - Você desenhou para a chamada “Imprensa Nanica”, que ajudou na formação de jovens cartunistas e jornalistas. No entanto, não temos visto, nos últimos anos, novidade alguma na imprensa alternativa. Você acredita no surgimento de projetos que possam acolher novos desenhistas de humor?

Flamir - Estou um pouco cético em relação ao aparecimento de novos meios de comunicação impresso que dêem crédito a desenhistas de humor. Principalmente no que diz respeito ao âmbito evangélico, que não faz uso do humor gráfico como eu acho que deveria. Boa parte das editoras e jornais têm muito cuidado no uso da charge e cartum em função de alguns leitores não entenderem bem a importância que exercem a charge, tirinhas, caricatura e cartum como notícia. Sem esquecer que existem questões doutrinárias e princípios que algumas igrejas não abrem mão.

Cartum publicado na Revista GeraçãoJC/Seção Geração Humor - Editora CPAD

É fundamental esclarecer que o bom cartunista e chargista não é um “pichador”, mas uma artista totalmente “antenado” com tudo que acontece em nossa sociedade, no mundo. Eu diria que é um jornalista de “nanquim” nas mãos. Quando algum espaço é aberto nas circunstâncias que eu falei acima, às vezes muitos deles se tornam pouco “agressivos”, e esse lado corrosivo do cartunista é esquecido. Evidentemente que não devemos confundir isso com anarquia ou rebeldia.

4 comentários:

Pati Nanni disse...

parabéns. sempre gostei desse tipo de trabalho, não tinha achado ainda um com tamanha qualidade. creio sim na importancia desse tipo de divulgação e creio que o Senhor abrirá mais as portas a medida de Seus planos e propósitos. Q Deus continue a abeçoar sua obra e que voce veja os frutos da sua fidelidade.

Flamir ambrósio disse...

Valeu, Pati Nanni!
Muito obrigado pela força e carinho. De fato, cartunizar (faço isso desde os 15), tem sido algo prazeroso. Aliás, desenhar pra mim sempre foi prazeroso. Ao me converter, coloquei um propósito: que o meu talento estivesse voltado sempre para o seu louvor e ponto final.
Continue visitando o meu blog, teremos coisas muitos legais por aqui! Você vai gostar! Ah, não esqueça: ore por mim.
Abrs.

nEle,
Flamir

Zé Roberto Graúna disse...

Oi, Flamir! Valeu pela inclusão desse artigo. Em 5 anos de coluna "Desenharte", no Jornal de Letras, foi a única matéria em forma de entrevista que editamos lá. O legal de trabalhar com eles é que lá eu posso escrever sobre qualquer assunto. Parabéns pelo blog! Abração!

Flamir ambrósio disse...

É isso aí, Zé! Eu é que lhe agradeço. Quer dizer que a coluna Desenharte continua firma até hoje? Maravilha!! Muito legal também essa liberdade que eles proporcionam a você. Isso facilita o trabalho.

Um grande abraço!
nEle,
Flamir