ENTREVISTA

Convertido ao evangelho de Jesus em 1989, Flamir é casado com Fernanda e pai de Flamirzinho e Felipe. Trabalhou como arte-finalista e desenhista da Editora JUERP e vários jornais, como: Tribuna da Imprensa, Jornal dos Sports, O DIA, Jornal do País, Jornal LIG, Pasquim, Jornal do Metrô, Jornal Verde e Perspectiva Universitária. Fundador do jornal Uniação, considerado o “pasquim evangélico”, participou de vários salões de humor e produziu cartazes para campanha de combate ao câncer promovido pelo Ministério da Saúde/Governo Federal. Publicou 5 livros: O Lírio Feliz - JUERP/1993; Viagem ao Planeta Lixo - CPAD/1992; O Bebê dos olhos de Jabuticaba - JUERP/1994 (Prêmio ABEC. Reeditado pela CPAD em 2009); Franz – Compartilhando a dor, a paternidade e os afetos - IDE/2006 e “O Bebê e o seu carro do lixo - CPAD/2009”. Atualmente, trabalha no setor de Arte & Design da Editora CPAD.


Chargista da Geração JC fala de trabalhos e novo livro
Os assinantes e leitores assíduos da GeraçãoJC já devem ter rido bastante com a seção “Geração Humor&Passatempo” que, desde 2007, faz parte da revista. Pois bem, temos a grata honra de anunciar que está à venda, pela CPAD, uma coletânea com algumas charges publicadas aqui, na revista, e que são de autoria do designer e cartunista Flamir Ambrósio. Convertido ao Evangelho em 1989, ele é casado com Fernanda e pai de Flamirzinho e Felipe. Trabalhou como arte-finalista e desenhista da Editora JUERP e de vários jornais. Fundou o jornal Uniação, considerado o “pasquim evangélico”. Publicou 5 livros: “O Lírio Feliz” - JUERP/1993; “Viagem ao Planeta Lixo” - CPAD/1992; “O Bebê dos olhos de Jabuticaba” - JUERP/1994 (Prêmio ABEC, reeditado pela CPAD em 2009); “Franz – compartilhando a dor, a paternidade e os afetos” - IDE/2006; e “O Bebê e o seu carro do lixo” - CPAD/2009. Há 16 anos ele trabalha no setor de Arte & Design da Editora CPAD. Bem, agora que já contamos um pouco sobre ele, vamos a entrevista?

Na entrevista para a GeraçãoJC (edição 77 – julho / agosto de 2010), você disse que começou a “rabiscar” ainda criança. E o seu interesse por charges e caricaturas, quando surgiu? 
Surgiu logo que comecei a desenhar para o jornal LIG, um tablóide de Niterói (RJ) cujo editor era meu amigo Délcio Teobaldo, jornalista e professor de publicidade que conheci no colégio Paraíso, em São Gonçalo, quando tinha 15 anos. Logo, criei uma página inteira de humor chamada “Ligação”. Ali, publicava charges e cartuns de apelo político, social e econômico. Lembro que vivíamos ainda sob a ditadura militar. Aos 17, comecei a fazer ilustrações e charges para o “Pasquim “, de Ziraldo, Jaguar, Ivan Lessa, Henfil, Millôr, enfim, uma galera da pesada. 

Você já teve dificuldade de caricaturar alguém conhecido (da política, pastor, cantor)? 
Sempre disse que gosto de fazer caricaturas, mas não sou um caricaturista. Disso eu tenho plena convicção. Sou designer, escrevo e ilustro meus livros; faço cartuns e charges. Apesar de participar de mostras de humor fazendo caricaturas, entre elas dos ex-jogadores Ronaldo, “o fenômeno”, e Júnior, do Flamengo, além de artistas como Tom Jobim, confesso que isso não é minha praia. Já caricaturei minha esposa, amigos, etc. Alguns desenhistas se especializam, fazem cursos, mas acredito que é fundamental ter prazer no que você faz, e caricaturar é algo que não me chama muito a atenção, talvez porque eu não tenha esse dom. Temos muitos talentos nessa categoria do traço espalhados por esse Brasil a fora, não dá nem pra citar nomes. Em meu blog (flamir.blogspot.com.br), na seção “caricaturas”, selecionei alguns. Mas temos muitos, muitos feras desse traço que vem revolucionando o mundo há séculos. 

Qual tipo de linha você segue ao fazer uma charge (humor, manifestar indignação, protesto)? 
Como chargista e cartunista, sempre com humor, lógico! Quando trabalho com charge, procuro evocar algo que aconteceu recentemente. Um bom exemplo é a seção “Geração Humor & Passatempo”, publicada na JC. É sempre bom lembrar que a palavra charge é de origem francesa, e significa “carga”, “bomba”. Portanto, é fundamental o uso exagerado nos traços de alguém ou de algo de maneira que chame a atenção do que realmente está acontecendo. Diria que o chargista é um jornalista do traço. O “cartoon”, “cartune” ou “cartum” é um desenho humorístico acompanhado ou não de legenda. O cartum é o riso pelo riso. Também podemos classificá-lo como atemporal. Questões sociais, econômicas e políticas necessariamente não precisam estar presentes num cartum. Enquanto que a charge aproxima os fatos nos fazendo rir ou não, o cartum perpetua o riso. 

Chegou às lojas o seu livro de charges e cartuns. Trata-se de uma coletânea. Conte um pouco sobre esse lançamento.
É mais uma realização profissional. Confesso que vejo como um desafio, pois afinal, é uma coletânea de charges, cartuns e passatempos que publico aqui na revista desde 2007. E coletânea, você sabe, não é um livro comum. Tem que juntar todo o material, arquivá-lo nas respectivas datas em que cada trabalho foi publicado, isso demanda tempo e cuidado. A proposta  é levar maior aproximação do leitor junto à revista e dar a esse público maior interatividade, prazer em ler a GeraçãoJC. Penso que a seção pode contribuir com isso. Lembro que apesar de receber e-mails e recados em meu blog, muitos jovens não sabem das páginas de humor e entretenimento. É importante frisar que, no mercado secular, coletâneas de charges e cartuns existem, embora sejam raras. O Pasquim fez isso nos anos 80/90 pela editara Codecri. Porém, até onde estou informado, não há no mercado evangélico algo do tipo, razão pela qual vejo como uma publicação inédita, e a CPAD, que é vista como uma das maiores editoras do Brasil, mostrou-se mais uma vez vanguardista. Esse livro é fruto do infinito amor de Deus. Portanto, agradeço a Ele em primeiro lugar. Toda honra e glória sejam dadas sempre a Ele! Aproveito também para agradecer ao diretor -executivo da Casa Publicadora, irmão Ronaldo Rodrigues de Souza, por ter aberto o espaço na revista GeraçãoJC para que eu expusesse o meu trabalho e, consequentemente, tornasse realidade este livro. Deixo aqui também os meus agradecimentos a tantos e tantos amigos que me ajudaram! Enfim, acho que a garotada vai se amarrar nessa coletânea. 

Quantas charges estarão no livro e qual foi o critério de escolha? 
Sinceramente, não contei. São muitas. Selecionamos cartuns e charges publicados de 2007 a 2013, e fiz um bônus de  014. Procurei trabalhar de maneira cronológica. Tanto que você vai encontrar cartuns que falam de redes sociais quando nem tínhamos o Facebook bombando por aqui. Os textos introdutórios de cada seção continuam os mesmos, exatamente para dar sentido às charges que, como disse, têm prazo de validade.


Como você analisa esse mercado no meio evangélico? 
No que se refere a cartum, caricatura e charge, vejo que não estamos muito agressivos. As editoras e alguns jornais (pra não dizer todos) não exploram esse tipo de trabalho como acho que deveriam explorar. Evidentemente que temos várias razões. Tradições religiosas, de forma geral. Tenho absoluta certeza que isso exerce algum tipo de influência na classe empresarial evangélica. Lembro que, ao me converter em 1989, observei essa carência. 
Então, em 1990 lancei o jornal UNIAÇÃO, um “pasquim evangélico” distribuído para mais de 2,5 mil bancas do Estado do Rio de Janeiro, onde combatíamos a hipocrisia religiosa, as posturas exageradas de alguns líderes e o descaso com relação aos que chegavam à igreja precisando de Jesus, de uma vida restaurada pelo Evangelho, ao invés de julgamentos. E esse “alerta”, é claro, não agradava a todos. Chovia carta na redação. Como tinha publicado cartuns e charges no Pasquim de Ziraldo, Jaguar, Millôr, Henfil e Cia, e convivido um pouco com aquela galera, não encontrei dificuldade. A coisa fluía e muita gente gostava. Era verdadeiramente um “oásis”! Agora, em se tratando de design, vejo com bons olhos. Temos excelentes profissionais e o mercado está muito bem servido, seja em agências, editoras, jornais, revistas, pequenas gráficas etc. No próprio setor onde trabalho, na CPAD, há ótimos designers. 

Ainda há muito preconceito ao humor dentro das igrejas? 
Desde minha conversão, vejo que sim, infelizmente. Há 20 ou 30 anos, existia uma visão de que o crente não podia ter a prática do riso. Devia ser carrancudo e fechado. No início, procurei desmitificar isso colocando como propósito dar muitas gargalhas através do traço. Tudo era motivo de crítica, de cartum e charge.  A Bíblia diz, em João 8.36, que “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. Portanto, sou livre para rir e chorar! Para criticar! Adorar ao meu Senhor Jesus e a Ele sempre dar louvor e glória! Reafirmo que, graças a Deus, temos muita gente boa cartunizando pelo mundo a fora. 

O que, um jovem que quer seguir carreira como cartunista, chargista etc,deve fazer? Existemcursos na área? 
Quando estava começando no Pasquim, Ziraldo falou algo pra mim que lembro até hoje. Tinha 17 anos, estava com uma pasta debaixo do braço com meus cartuns e aí ele olhou pra mim e disse: “Menino, você está aí há quanto tempo?”. Respondi: “Ah, estou aqui há muito tempo”. Então disse: “Deixa eu ver seus trabalhos?”. Logo olhou um e outro, e falou: “Para que você possa se desenvolver bastante em cartum ou em charge, leia muito, até propaganda pirata”. O meu conselho é o mesmo. Estar sempre informado, ler muito, descobrir em qual área se encaixa melhor, se cartum, charge... Busque cursos para se especializar sempre. Nunca pare de aprender. 

Você esteve na última Festa Literária Internacional do Livro (FLIP), agora em julho. A princípio você foi como um expectador, mas soube que seus livros fizeram sucesso lá. Como você viuesse momento? 
Foi extremamente edificante! Valeu cada momento, debate e autógrafo que tive a oportunidade de dar aos pequeninos que se divertiram. A FLIP sempre me fascinou, não somente pelo fato de ver novos títulos, curiosidades literárias etc, mas principalmente pela interatividade: leitor e autor; crianças e livros; o pipoqueiro ganhando um dinheirinho a mais, porém com os olhos fitos em um dos telões de exibição de palestras, colocado na Praça da Matriz, no Centro Histórico que, na verdade, virou um encontrão onde centenas de pessoas procuravam seu espaço para não perder absolutamente nada, assim como nas tendas enormes e muito bem projetadas. O curador Paulo Werneck disse que a festa “se mostrou aberta à inovação” e que essa foi “a Flip das Flips”. Com toda sinceridade: realmente foi. Ano que vem, queira Deus, tem mais! 

Pra você, qual é a importância desse tipo de evento? 
Como falei, a FLIP sempre me fascinou. Desde que surgiu em 2003, ir à FLIP virou obrigação, independente de ser autor. Apesar de algumas pesquisas afirmarem que a quantidade de livros produzidos no Brasil só cresceu nos últimos anos e que o país é o nono maior mercado editorial do mundo, com um faturamento de R$ 6,2 bilhões, 
o brasileiro, em sua maioria, ainda lê muito pouco. Os eventos literários deveriam fazer parte da cultura do brasileiro. São tão importantes que deveríamos ter uma política de incentivo à leitura e maior participação da sociedade, a começar pelos pais e filhos. Minha paixão pela FLIP se fundamenta, principalmente, pela interatividade, pelos debates mais acessíveis, pela sua popularidade e simplicidade. Ao andar pelas ruas ou entrar num restaurante da cidade, é comum você encontrar com autores renomados, cineastas, atores etc. Acho bem menos business que a Bienal. Aliás, muito menos! 

E as charges, você acha que elas ainda têm futuro, mesmo em meio a tantas tecnologias? 
Como assim? O avanço da tecnologia em detrimento do papel? Olha, charge e cartum independem de papel. Quando você conta uma piada, de alguma forma, você está cartunizando, apenas não desenhou! E mais: a tecnologia tem proporcionado mais condições de se fazer charges e cartuns em função das facilidades de informações. Nesse caso, volto ao que eu falei anteriormente: o chargista é um jornalista do traço. 



Uma mensagem para os leitores. 
Jovens, continuem buscando a Deus. Estudem. 
Aperfeiçoem-se ao máximo. Continuem a caminhada. 
Não olhem para trás! Assim como o Senhor disse a Josué, hoje 
Ele diz a você: “Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, 
nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, 
por onde quer que andares” (Js 1.9). 
Um grande abraço! 

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Entrevista concedida à revista GeraçãoJC
Por Paula Renata Santos
paula.santos@cpad.com.br

Como e quando você percebeu que seus “rabiscos” eram valiosos e deveria investir nisso?

Desde pequeno eu já vi que o desenho era algo que estava enraizado em mim. Comecei a “rabiscar” com cinco anos de idade. E, desde então, nunca mais parei de desenhar. É como o oxigênio – uma necessidade existencial. 

Com quantos anos você começou a trabalhar?

Com 15 anos, conheci Délcio Teobaldo, jornalista e professor de publicidade do colégio Paraíso, onde cursei o 2 grau (hoje, ensino médio). Na primeira aula ele pediu para que desenhássemos o que viesse à cabeça. Conclusão: recebi o convite para fazer algumas ilustrações no jornal LIG, de Niterói. Délcio era o editor responsável. Lembro-me que disponibilizaram uma página para que eu desenvolvesse melhor o meu trabalho. Criamos, então, o "Ligação". Eram charges e cartuns de muito apelo político, social e econômico. Aos 17, comecei a fazer ilustrações para o Pasquim, tudo isso em plena ditadura militar. Aprendi muita coisa com Délcio Teobaldo. Na realidade tornamo-nos grandes amigos e sua família passou a fazer parte de minha vida. Foram laços de afetos incríveis. Sintia-me como se fosse o filho mais velho do Délcio e sua esposa Vigínia. Saudades.

Começar a trabalhar tão jovem e ainda por cima tão engajado na política te favoreceu? 

Em parte. Tive uma excelente infância, mas nenhuma adolescência. Nem pude curtir o que chamam de “crise da adolescência”, pois já estava em passeatas políticas, envolvido com partido etc.

Baseado na sua experiência, qual a melhor idade para se começar a trabalhar?

Em primeiro lugar, acho que o jovem deve estar altamente comprometido com Jesus. Você pode pensar: “O que isso tem a ver?” Tudo. Porque essa é a única maneira de estar bem alicerçado e psicologicamente firmado. Segundo, acho extremamente saudável o jovem se envolver com questões profissionais cedo. Isso aumenta sua perspectiva profissional futura e o amadurece. Porém, tudo de forma equilibrada.

Você enfrentou algum tipo de preconceito por escolher essa profissão?

Depois que me converti, sim. Antes, não.

Por que você acha que isso aconteceu?

Porque há 20 anos existia uma visão de que o crente não podia ter a prática do riso. Devia ser carrancudo e fechado. E, logo que eu me converti, lancei um jornal chamado Uniação, um “Pasquim” evangélico, distribuído para mais de 2,5 mil bancas do Rio de Janeiro. Esse jornal, através do humor e da provocação ao riso, combatia, entre outras coisas, a hipocrisia, posturas exageradas e o descaso com relação aos que chegavam à igreja precisando de cura do Evangelho de Jesus e recebiam julgamento humano. E esse “alerta”, é claro, não agradava a todos.

Você acha que hoje ainda existe preconceito para aqueles que optam por essa carreira?

Existe, com certeza. Mas, graças a Deus, já temos alguns pastores cartunistas aí no mercado, homens de Deus, fazendo trabalhos excelentes para o Reino. Esse espaço no meio evangélico cresceu muito, apesar ainda da discriminação.

Quais outras dificuldades devem esperar aqueles que querem se lançar nessa profissão?

Olha, eles devem esperar e se preparar para a dificuldade de espaço. Também existe a financeira, porque, com raríssimas exceções, cartum e charge não deixam ninguém rico. E outra barreira é a política. Talvez ele entre num veículo que não permita, por questões de linha editorial, que ele expresse sua visão ou suas ideias.

Você está envolvido em outros projetos no momento?

Totalmente envolvido. Um projeto que acredito estar próximo da publicação é O bebê no mundo da lua. Ele apresenta uma criança que tem pais responsáveis e amorosos, mas que, por força das circunstâncias, não exercem diretamente a sua paternidade afetiva e deixam por conta das creches essa incumbência. Logo esse bebê fica sem referencial, no ”mundo da lua”, e começa a reivindicar desse e de outros elementos os pais ausentes. O bebê no mundo da lua é o retrato da sociedade pós-moderna.

Quando você escreve um livro como esse, seu propósito engloba atingir também aos pais?

É o que eu mais quero. O propósito principal desse livro é confrontar os pais e fazê-los repensar suas posturas enquanto lêem a história para os seus filhos.

Em tudo o que você fala, destaca-se muito a família e seus respectivos valores. Você se sente chamado por Deus para utilizar o seu trabalho para edificar as famílias?

Claro! Quanto mais você recebe, mais você quer passar. Eu sou o tipo de pai que rola com o filho pelo chão da casa. Meu pai me ensinou a ser “contatual” e não “virtual”, a sentir o cheiro do filho. Por isso, hoje me sinto chamado por Deus a ministrar às famílias, pois fui muito amado pelo meu pai. Ele soube fazer com que o afastamento dele nunca fosse ausência e que a presença dele sempre fosse intensa, como um remédio para mim. Por isso, uso o afeto, a literatura, o humor e tudo o que eu puder como veículo para transmitir esse amor.

O que você tem a dizer para os jovens que, infelizmente, tiveram pais ausentes e não conseguem essa proximidade com seus pais?

Que eles busquem no Senhor não deixar que essa carência vire uma crise existencial, através principalmente da oração por seus pais. Depois, por meio do afeto, se os pais não vêm até eles, que eles tenham a iniciativa de ir até os pais, que não esperem para poder oferecer. O Senhor os honrará por isso e seus pais também.

Quando você decidiu consagrar seu talento à obra de Deus?


Logo na minha conversão. Nesse momento, um passagem me marca muito, a de Paulo, quando, a caminho de Damasco, perde a sua visão – e comigo foi assim: perdi a visão para ficar com a de Jesus e passei a consagrar todo meu trabalho ao Reino dEle. Recusei vários trabalhos seculares, ligados a humor pornográfico e a tudo que não condizia com o Evangelho.

Qual a importância dessa capacidade bi-vocacional (usar seu talento e profissão para a glória de Deus)?

É fundamental. Acredito que Deus criou cada um de nós, já dotados de dons e talentos, e cada qual decide como vai usá-los – uns somente para ganhar dinheiro, outros para se gloriar, e outros usam para engrandecer o nome do Senhor. Enfim, talvez ainda não entendam a importância do que Deus lhes deu. Mas, independente da profissão, você pode fazer da melhor maneira possível, como para o Senhor e na dependência dEle, e assim o estará glorificando.

Soube que um universitário escolheu você para o tema do seu trabalho, cuja proposta era escolher um profissional da área do humor que mais chamasse a atenção dele. Como você se sente ao ver seu trabalho reconhecido e sendo referência para uma nova geração?

Ele disse que me escolheu porque achou interessante falar de um cartunista convertido. E eu falei: “Glórias ao Senhor Jesus”. Ele até se assustou porque não é cristão. Então, também é uma forma de evangelizar.

Quais dicas (profissionais) você dá aos interessados em seguir a profissão?

Quando estava começando no Pasquim, Ziraldo falou algo pra mim que lembro até hoje. Eu tinha 17 anos, estava com uma pasta debaixo do braço com meus cartuns e aí ele olhou pra mim e disse: “Menino, você está aí há quanto tempo?”. Respondi: “Ah, estou aqui há muito tempo”. Então disse: “Deixa eu ver seus trabalhos?”. Logo olhou um e outro, e falou: “Para que você possa se desenvolver bastante em cartum ou em charge, leia muito, até propaganda pirata”. O meu conselho é o mesmo. Estar sempre informado, ler muito, descobrir em qual área se encaixa melhor, se cartum, charge... Enfim, busque cursos para se especializar sempre. Nunca pare de aprender.

Que mensagem pessoal você deixa para esses “aspirantes a desenhistas”.

Jovem, você é uma bênção! Você tem muito valor para Deus. Não fique frustrado se você não se encaixar na área gráfica ou em outra que tenha tentado. Certamente, você se encaixa em outro lugar. Deus tem algo muito bom reservado pra você. Então, não pare! Continue buscando a Deus, estudando, se aperfeiçoando, continue a tua caminhada. Assim como o Senhor disse a Josué, hoje diz a você: “Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares” (Js 1.9).

 Entrevista para o Jornal de Letras
Coluna Desenharte/2005

Flamir por Ney Lima
A primeira vez que resolvi pesquisar mais profundamente a obra do cartunista Flamir (ao lado, no traço do caricaturista Ney Lima), foi em 1990, quando eu ainda lecionava cursos de desenho no Senac de Madureira. As aulas eram justamente sobre o desenho de humor no Brasil, e, entre outras coisas, debatíamos sobre o traço marcante do genial Ziraldo Alves Pinto, e as influências deixadas pelo pai do Menino Maluquinho no desenho de alguns dos nossos melhores artistas. Lembramos os nomes de Perón, Mig, Ferreth, Mayrink e também Flamir. Foi quando um dos alunos anunciou que este último estava ficando conhecido como o “cartunista de Cristo”, já que ele havia se convertido ao cristianismo protestante e passou a defender e divulgar a filosofia que abraçara por meio de seus cartuns.
De fato, esta informação estava correta. O cartunista converteu-se em 1989 e, apenas um ano depois, criou o jornal UNIAÇÃO, uma espécie de Pasquim gospel, recheado com dezenas de cartuns e caricaturas, além de artigos e entrevistas polêmicas discutindo os erros e acertos do meio evangélico.
O resultado foi o melhor possível, e o tablóide alcançou uma boa tiragem sendo distribuído para mais de 2.500 bancas de jornal do Estado Rio de Janeiro.
Hoje, Flamir Ambrósio, 42 anos, atua como designer gráfico no setor de Arte da CPAD e planeja o crescimento da Info & Design Editora, empresa que coordena juntamente com o seu irmão Fárlei Gil.
Justamente pela IDE é que o artista acaba de lançar o livro FRANZ - um pai que nos fez ouvir o barulho do vento nas árvores. Diferente do seu primeiro livro, O bebê dos olhos de jabuticaba, que era direcionado ao público infanto-juvenil e todo ilustrado, o atual não apresenta desenho algum do autor. E conta as experiências do artista com o seu pai, falecido em janeiro de 2004. Aliás, cabe aqui uma explicação sobre a origem do estranho nome Flamir. O seu pai era flamenguista convicto e resolveu homenagear o seu time do coração. Uniu, então, os nomes do Flamengo ao ídolo Vlamir, atleta que, na época, era o “Zico” do basquete na Gávea, daí surgiu Flamir. Quer dizer, a exemplo de Henfil, que do nome Henrique de Souza Filho, pinçou as primeiras sílabas do primeiro nome e criou sua chancela, nosso amigo cartunista nem precisou de um pseudônimo para assinar seus desenhos. O lançamento do livro aconteceu em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, e contou com a presença de alguns de seus colegas de profissão. Aproveitamos a oportunidade para conversar com o cartunista-escritor.

JL - O Livro Franz – um pai que nos fez ouvir o barulho do vento nas árvores, pode ser considerado o primeiro de uma série de obras de um novo escritor? 

Penso que sim, uma vez que pretendo desenvolver textos que abordem vários temas, principalmente relacionados ao universo cristão.

JL - De uns tempos para cá você vem trabalhando quase de forma exclusiva no mercado editorial evangélico, como designer. Você planeja voltar a atuar mais assiduamente como cartunista?
 
Tenho alguns projetos que vêm borbulhando em minha mente há algum tempo, como por exemplo, elaborar uma coletânea de cartunistas cariocas, que terá como pano de fundo, a Cidade Maravilhosa, ou seja, nosso Rio de Janeiro e fazer dessa coletânea uma mostra de humor. Também pretendo lançar um livro sobre o meu filhinho Felipe. Como fiz há 11 anos com “O bebê dos olhos de jabuticaba”. Acho que será interessante.

JL - Você desenhou para a chamada “Imprensa Nanica”, que ajudou na formação de jovens cartunistas e jornalistas. No entanto, não temos visto, nos últimos anos, novidade alguma na imprensa alternativa. Você acredita no surgimento de projetos que possam acolher novos desenhistas de humor? 

Estou um pouco cético em relação ao aparecimento de novos meios de comunicação impresso que dêem crédito a desenhistas de humor. Principalmente no que diz respeito ao âmbito evangélico, que não faz uso do humor gráfico como eu acho que deveria. Boa parte das editoras e jornais têm muito cuidado no uso da charge e cartum em função de alguns leitores não entenderem bem a importância que exercem a charge, tirinhas, caricatura e cartum como notícia. Sem esquecer que existem questões doutrinárias e princípios que algumas igrejas não abrem mão. É fundamental esclarecer que o bom cartunista e chargista não é um “pichador”, mas uma artista totalmente “antenado” com tudo que acontece em nossa sociedade, no mundo. Eu diria que é um jornalista de “nanquim” nas mãos. Quando algum espaço é aberto nas circunstâncias que eu falei acima, às vezes muitos deles se tornam pouco “agressivos”, e esse lado corrosivo do cartunista é esquecido. Evidentemente que não devemos confundir isso com anarquia ou rebeldia. 

Entrevista concedida ao jornal Palavra

Charge publicada no jornal Mensageiro da Paz, editora CPAD
Fale um pouco de você.  

Nasci em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Sou casado com Fernanda e pai de Flamirzinho e Felipe. Minha experiência de conversão ao evangelho de Cristo Jesus foi em 1989, ano extremamente delicado com relação a minha família. Recebi o Senhor em meu coração, entendi perfeitamente o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário, derramando o seu precioso sangue por mim, perdoando-me os pecados e livrando-me de toda acusação do diabo. Estou nEle, sou dEle pra sempre e estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem altura, nem profundidade, nem alguma outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor! (Rm 8.38-39). A igreja que o Senhor Jesus colocou em minha vida e que tem me alegrado, é a Igreja Cristã Apostólica - ICAP, Pr. Luciano Vilaça. Tenho visto a maravilhosa Graça do Senhor sendo manifesta naquele lugar. Vínculos, afetos e equilíbrio são palavras que eu aprendi a vivenciar no ICAP. Louvado seja Deus por isso!     
 
Quando você começou a desenhar? Como aconteceu isso?  

Não consigo ter uma outra lembrança senão o desenho como algo que sempre fez parte de minha vida desde muito cedo. Aos cinco anos, por exemplo, já dava meus rabiscos. Não podia ver uma folha qualquer que rapidamente desenhava. Meu pai percebeu e logo me estimulou fornecendo blocos e mais blocos, lápis de cor, hidrocor, etc. Via muito desenho animado. Principalmente os seriados de Batman & Robin, Superman. Uma vez que toda a programação tem o seu término, eu reproduzia todos os desenhos para o papel imediatamente. Era extremamente prazerozo! O traço saía meio torto, sem definição. Isso me irritava. Mas o desejo de desenhar era muito grande. E desenhar era e ainda é uma grande terapia. Profissionalmente, aos 15 anos, em 1979. Meu professor Délcio Teobaldo convidou-me para fazer um estágio no jornal de bairro LIG, de Niterói. Ali publiquei, durante 5 anos, meus desenhos. Ilustrava matérias e tinha uma página de humor chamada Ligação. Foi uma experiência muito boa. Principalmente quando o assunto girava em torno de cartum e charge. O panorama político, na época, era um “prato cheio”.  
Conte-nos sua experiência profissional. 

Trabalhei em alguns jornais como arte-finalista e cartunista. Tribuna da Imprensa, Jornal dos Sports, Jornal O DIA, Jornal do País, Pasquim, Jornal do Metrô, Jornal Verde, Tropical Whispers (EUA) e jornais de bairro. Produzi cartazes e folders de combate ao câncer do Ministério da Saúde: Câncer de Boca, Câncer do Colo do Útero, Câncer de Próstata e Câncer de Mama. Atualmente, trabalho na CPAD-Casa Publicadora das Assembléias de Deus, setor de Arte e & Design. Elaboro projetos, diagramação, criação de capas de livro, revistas e ilustrações para a Revista Geração JC. Aliás, nesta revista eu publico o “Geraçãohumor&Passatempo”, tem sido uma experiência muito interessante.
 
Como você analisa esse mercado no meio evangélico? 

No que se refere, por exemplo, a cartum, caricatura e charge, vejo que não estamos muito agressivos. As editoras e alguns jornais (pra não dizer todos) não exploram esse tipo de trabalho como eu acho que deveriam explorar. Evidentemente que temos várias razões: igreja, princípios morais, religiosidade, etc. Tenho absoluta certeza que tudo isso exerce algum tipo de influência na classe empresarial evangélica. Lembro que, ao me converter em 1989, pude observar essa carência. Então em 1990 lancei o meu jornal UNIAÇÃO, um pasquim evangélico distribuído para mais de 2.500 bancas do Estado do Rio de Janeiro. E alí a gente mandava ver! Era muito legal. Chovia carta na redação. Como eu tinha publicado cartuns e charges noPasquim de Ziraldo, Jaguar, Millôr, Henfil e Cia e convivido um pouco com aquela galera (já era “fim de festa”, ou seja, final da ditadura, e, como diz o Ziraldo, acabou a graça), não encontrei dificuldade. A coisa fluía e muita gente gostava. Era verdadeiramente um “oásis”! Em temos de design, vejo com bons olhos. Temos excelentes profissionais e o mercado está muito bem servido, seja em Agências, Editoras, Jornais, Revistas, pequenas gráficas, etc. No próprio setor onde trabalho temos ótimos designers.


Entrevista concedida à CPAD Revista    

CR - A família é um tema recorrente em suas publicações. Como é o seu relacionamento com seus filhos?  

Excelente! Valorizo, sim, a família em meus livros por duas razões básicas: por ser um projeto de Deus para nós e por ter sido educado com muito amor e carinho pelos meus pais. Certa feita, Fernando Veríssimo disse: “A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final”, e eu gosto demais de fazer parte desse processo criativo deles. Valorizo isso. Até porque, quanto mais eu estiver presente, maior será o referencial de masculinidade e afetividade na mente dos meus filhos.     

CR - Sobre os mais recentes lançamentos pela CPAD, como esses projetos começaram?  

Como sempre, começaram como fruto de muita motivação. Sou um profissional de desenho, graças a Deus! Estar motivado é a ferramenta principal para se começar qualquer tipo de atividade. O Bebê e o seu carro do lixo, é uma homenagem ao meu filho Felipe. É um livro educativo, de enredo curto e repleto de imagens que prendem a atenção. Um livro que trata o cotidiano de qualquer criança esperta e curiosa, interessado em descobrir o mundo real. O bebê dos olhos de jabuticaba é uma homenagem ao meu outro filho, Flamirzinho. Foi publicado pela JUERP em 1994 (prêmio ABEC 1995). Este livro me alegrou demais, principalmente em função das dificuldades pessoais que eu vivia naquela época. Após 15 anos, a CPAD adquiriu os direitos e aceitou o desafio de lançá-lo. Com visual mais arrojado, novas texturizações e cores fortes, o livro mostra as aventuras de um bebê que tinha o grito tão forte que assustava a lua, as estrelas os pássaros e os bichinhos do seu berço.  
  
CR - Como você vê a educação por meio do cartum?  

Vejo com muita alegria, apesar de algumas editoras deixarem a desejar na qualidade dos profissionais de ensino, na apresentação gráfica e no cuidado com as edições. De fato, existem excelentes educadores, ótimos ilustradores, maravilhosos cartunistas com participações extremamente edificantes tanto na área evangélica quanto na secular. Trabalho numa editora que, graças a Deus, tem se preocupado com isso: reunir a ótima pedagogia com a ótima qualidade visual, e acredito fortemente na influência poderosa das ilustrações na mente da criança.
   
CR - Gostaria que deixasse uma mensagem aos pais sobre os filhos.   

Estar perto e poder abraçar, beijar, sentir o calor da pele, às vezes, torna-se muito mais importante que muitas palavras, ainda que essas palavras venham de encontro às nossas necessidades. Estar juntos, participando de cada momento da vida é o que torna sólida uma relação. Isso cria o vínculo necessário a uma relação mais profunda de cumplicidade e confiança, que nos permite compartilhar planos, sonhos e o que de mais secreto guardamos em nosso ser.
 
 

Um comentário:

Anônimo disse...

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