quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Deputado evangélico Carlos Bezerra Jr. discursa na ONU e cita versículo sobre justiça

Genizah
No principal evento sobre Direitos Humanos do mundo, Carlos Bezerra Jr. lidera ação
contra escravidão e chama a atenção das principais autoridades internacionais
 

Pela primeira vez na História, um deputado evangélico brasileiro foi convidado ao principal encontro do mundo sobre Direitos Humanos. A ONU, Organização das Nações Unidas, apontou lei do Carlos Bezerra Jr., de combate ao trabalho escravo, como modelo internacional e pediu sua participação como preletor no evento em que são apresentadas as mais importantes ações mundiais nessa área.

A reunião do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos acontece em Genebra, na Suíça. Nela, uma relatora especializada no assunto e designada pelas Nações Unidas para, entre outras coisas, identificar os maiores avanços e desafios internacionais no tema, aponta novas soluções e caminhos para enfrentar as mais diversas formas de violação. A mais recente edição desse fórum aconteceu no último dia 13. E, quando os olhos do mundo se voltaram para a mesa de debates, viram um parlamentar evangélico que não falou apenas da recente contribuição paulista contra a escravidão contemporânea, mas ressaltou valores bíblicos e princípios cristãos.

“Meu desejo é que a lei que criei em São Paulo possa oferecer ao meu país uma importante contribuição na busca pela paz, pela igualdade, e pela dignidade e pela misericórdia, garantindo que a ganância pelo lucro nunca terá mais valor que a vida humana. Nosso real desafio é fazer todos os esforços para pôr o indefeso no topo da agenda e dar voz aos que não a tem até que a justiça possa fluir como um rio”, discursou, fazendo referência ao texto bíblico de Amós 5: 24: “Corra a justiça como um rio, a retidão como um ribeiro perene”.

A lei criada pelo deputado Bezerra Jr., que é também pastor, está sendo apontada como a mais rígida punição ao crime de trabalho escravo desde a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil. A lei apressa a condenação de envolvidos: processos que levavam até 20 anos, agora podem ser resolvidos em apenas 2. Na prática, a nova legislação fecha a empresa pega com trabalho escravo em qualquer parte de sua cadeia produtiva ao cassar seu registro no ICMS. E impede os sócios autuados de entrar com nova inscrição por uma década.

“O crime de trabalho escravo é uma afronta ao Criador. A boa nova do Evangelho é para libertação espiritual e social. É contra toda forma de opressão. Como discípulos de Jesus, somos chamados para sinalizar o Reino não só com o que falamos, mas também com o que fazemos. Sem obras, a fé é morta”, explica o parlamentar.

Carlos Bezerra Jr. já era o único deputado evangélico a ser apontado como o melhor político paulistano por ONG independente de fiscalização da função pública (Voto Consciente). Agora, afirma receber o prestígio internacional como um novo aumento de sua responsabilidade. “A expectativa aumenta. E o trabalho tem de crescer na mesma medida. Porém, meu coração está em paz. Tenho convicção de que não cheguei aqui por outro motivo que não seja a boa mão de Deus. Essa lei é resposta de oração. Muita gente dobrou os joelhos diante de Deus e clamou a Ele pelo fim dessa injustiça. Eu tive o privilégio de ser porta-voz desses irmãos”, destacou.

Lei resgata valor cristão histórico
Ao longo da história, vários cristãos já se envolveram no combate ao trabalho escravo. Foi um parlamentar cristão que teve atuação decisiva para acabar com a escravidão na Inglaterra do século XVIII: William Wilberforce. Junto com ele, John Wesley, uma das principais referências da Igreja de hoje, também militou pela abolição naquele país.

Sobre ONU
O principal propósito da ONU é realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de caráter econômico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais; manter a paz e segurança internacional, desenvolver relações amistosas entre as nações e ser um centro.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A janta está esfriando

A janta está esfriando. Igual a todos os trabalhadores do mundo, eu também chegava em casa cansado, jogava-me no sofá e ligava a TV para saber das últimas notícias do dia. Naquela noite, não estava sendo diferente, até ser interrompido por meu filho, Renato, na época com 5 anos, que, ao me ver chegar, correu pedindo-me atenção. Sem paciência e me sentindo exausto, peguei um pedaço de papel e lápis e pedi que ele fizesse algo enquanto eu via mais uma vez o repórter, com as mesmas manchetes, os mesmos entraves políticos.

Volta e meia, ele me interrompia, fazendo-me perguntas sem nexo, tipo: – Papai, como se escreve “UE”? Papai, como se escreve “OMA”? Filhinho – respondi com pouca paciência – papai está vendo o repórter e está cansado! Depois você pergunta o que quiser, tá bom? Minha esposa Lu estava na cozinha preparando algo para jantar. Ela  trabalhava durante o dia e chegava em casa pouco antes de mim. Silvia, minha filha, estava em seu quarto arrumando os brinquedos, enquanto que eu e o “Chato” do Renato estávamos na sala. Eu, querendo ver o repórter; ele, tentando escrever o que era latente em seu coração.

Interessante como a gente não percebe o quanto de errado nos comportamos em família. É muito comum colocarmos a culpa nos meios de comunicação, na modernidade, na violência urbana, etc. Mas não reconhecemos que muito do que podemos mudar está bem ali, diante dos nossos olhos, logo abaixo do nosso nariz. Na verdade, estamos presos aos “nossos” problemas, às “nossas responsabilidades”, enfim, a tudo que nos cerca “fora” do lar. Numa sociedade pós-moderna, onde homem e mulher trabalham para financeiramente terem perspectivas melhores, às vezes, esquecemos e pagamos um alto preço pelo que deixamos de administrar em família, e pior, delegamos a outros aquilo que é de nossa inteira responsabilidade: educar e amar os filhos.

Lembro-me que naquele dia, de tanto insistir e não ter resposta, meu filho acabou adormecendo em meu colo sobre o sofá, enquanto eu ainda via o noticiário. Lu me avisou que a janta estava pronta. Então, delicadamente, peguei-o no colo para levá-lo pro seu quarto. De repente, algo caiu no chão: era o papel, um pouco amassado, aquele que eu havia dado para ele se distrair. Curioso, peguei-o ainda antes de colocá-lo na cama. Li o que me parecia IMPOSSIVEL (meu filho ainda não sabia escrever, estava na alfabetização): “Papai eu te amo”. Como um soco, aquilo me atingiu em cheio. Dentro do seu pequeno mundo, tentando demonstrar seus sentimentos, meu filho foi ignorado por mim, na troca de um simples programa de TV que se repete todos os dias. Carinhosamente, eu o apertei em meus braços e velei seu sono por muito tempo. “A janta esta esfriando!” – Falou minha esposa. Mandei emoldurar esse texto, junto a uma foto do meu filhinho. Até hoje, me emociono ao ver tanta espontaneidade ignorada por mim. 


Dj-gugu Manuel Santos
(fato verídico)