A
igreja evangélica está crescendo absurdamente em nosso país, em 2010,
dados do IBGE já apontavam mais de 42 milhões de membros. O lamentável
nesses números é que os evangélicos crescem, mas o discipulado não;
ganham força em áreas políticas, mas a credibilidade diminui; igrejas
lotadas, mas as bíblias continuam esquecidas nas prateleiras.
Peter E. Gill dizia que “todo o
evangelismo feito no mundo por uma igreja que não é santa e reta não
valerá uma montanha de feijão se tratando de poder para mudar o mundo”.
O fato é que, o número de evangélicos cresceu, entretanto, não há
diminuição no índice de ladrões, corruptos, divórcios e adolescentes
grávidas.
Concordo com Ronald Sider quando escreveu “
nos alardeamos com orgulho nossa doutrina ortodoxa sobre Cristo como
verdadeiro Deus e verdadeiro homem, mas desobedecemos seus
ensinamentos”. Se metade dos cristãos seguissem a bíblia sagrada já
teríamos espantosas melhorias, principalmente se tratando de convívio em
sociedade. O grande problema é que as igrejas não crescem, apenas
incham, ou seja, só número. Um dos culpados são os próprios pastores que
procuram trazer o 'mundo' para dentro dos templos com a desculpa
ridícula de atrair os pecadores; todavia, os membros se acomodam falando
amém para tudo que ouvem enquanto suas bíblias com folhas já amareladas
se enchem de poeira.
O que vemos hoje são grupos de lobos
disfarçados de ovelhas que, ao mesmo tempo que sobem ao altar e colocam
uma mão sobre a bíblia, a outra está agarrada ao mundo. A maior parte
das igrejas são abertas com um plano de marketing definido preparado
para a 'corrida maluca': leva o prêmio de popularidade o culto com maior
número de pessoas. E pra alcançar tal objetivo vale tudo, desde
versículos distorcidos até lencinhos suados ungidos.
Servir
a Cristo significa esquecer de si e caminhar conforme Ele ordene
(contudo o "caminhar com Ele" significa também sofrer tribulações ao
contrário do que temos ouvido das teologia da prosperidade e
determinação). Minha indignação está na hipocrisia das pessoas em
dizerem que pertencem a Deus e suas atitudes não corresponderem. Tratam
Deus como se fosse 190.
Ao escrever o livro O Escândalo do Comportamento Evangélico, Ronald foi muito feliz na frase: “os
evangélicos afirmam crer nos valores bíblicos e no poder de Deus para
transformar o mundo . Contudo, muitos não vivem de modo diferente do
mundo, ou seja, um escandaloso número de cristãos não vivem o que
pregam.”
Se é esta a igreja fundamentada em modismo e antropocentrismo que pretende ser arrebatada para a vida eterna, seus valores precisam urgentemente serem repensados.